Autorretrato aumenta número de cirurgias plásticas

Foto: Mel Castro
Fenômenos das redes sociais, as selfies que são autorretratos digitais, estão deixando as pessoas mais exigentes em relação à própria aparência. Uma pesquisa divulgada pela Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, aponta que está cada vez mais comum a procura por procedimentos estéticos, porque os pacientes estão mais preocupados com os olhares nas redes sociais. O levantamento com 2,7 mil cirurgiões americanos revelou que um em cada três profissionais pesquisados registrou um aumento nos pedidos de cirurgia plástica. Entre 2012 e 2013, houve um crescimento de 10% no número de plásticas de nariz, 7% em implantes de cabelo e 6%, em cirurgias da pálpebra. “Aqui no Brasil ainda não existe um estudo nesse sentido, mas é bem provável que as selfies também provocaram um aumento de cirurgias plásticas no País”, afirma o médico cirurgião plástico Luiz Humberto Garcia. Para ele, as pessoas estão buscando melhorar a autoimagem e ficarem bem nas fotografias. Em sua opinião, quem diz não se importar com o autorretrato estaria possivelmente mentindo. Uma vez que é natural do ser humano querer se sentir bem recebido e bem aceito. Outro dado que chamou atenção foi o aumento na busca por cirurgias por pacientes jovens. De acordo com o levantamento, 58% dos pesquisados constataram aumento no pedido de cirurgias estéticas por pessoas com menos de 30 anos. As mulheres são maioria, representando 81% de todos os procedimentos realizados em 2013, sendo que as mães representam dois terços delas. No Brasil, foi realizado no ano passado 1,5 milhão de cirurgias plásticas, sendo um milhão com fins estéticos. Conforme Luiz Humberto, a moda selfie ainda é primitiva para que se possa confirmar seu impacto no número de procedimentos, mas o hábito de se observar mais em fotografias pode aumentar a percepção de defeitos. “Sinceramente, eu já tive apenas cinco ou seis clientes que verbalizaram algo parecido com isso nos últimos meses. Mas não há o porquê de duvidar quanto à pesquisa, as imagens são, muitas vezes, as primeiras impressões que as pessoas colocam no mundo, para potenciais amigos, interesses românticos e empregadores, e os pacientes querem mostrar o seu melhor para todos”, explica o médico cirurgião.
Estudo realizado com 881 jovens britânicas, com idade média de 24 anos, foi constatado relação entre a exposição à rede social e preocupações com a própria imagem. Para especialistas, no Facebook as pessoas publicam uma versão fantasiada da vida e retocam fotos com programas de edição. O problema é que elas se comparam com as versões fantasiosas dos outros. Assim afetando a autoestima, podendo levar a sérios problemas de saúde, como depressão, distúrbios alimentares e as cirurgias plásticas para satisfazer uma fantasia. A jovem Laura Souza, 21 anos, conta que toda vez que faz um autorretrato ela observa melhor os detalhes do seu rosto. “É impossível você não ver uma espinha ou uma manchinha. Mas eu nunca pensei em fazer uma cirurgia plástica por causa da foto, para isso existe photoshop”, brinca.
Fonte: www.dm.com.br