Homens brasileiros fazem mais cirurgias plásticas



Depois de cair nas graças das mulheres que buscam pelo corpo perfeito, as cirurgias plásticas vêm atraindo também homens brasileiros. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 15% no número de procedimentos realizados pelo sexo masculino, afirma o presidente da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética) e professor e chefe do serviço de cirurgia plástica da PUC-RS, Carlos Uebel. Hoje, esse grupo representa 35% de todas as cirurgias do segmento no País. Segundo os especialistas, uma das principais motivações do público masculino é cuidar da aparência e, assim, se sentirem melhor consigo mesmos.

De acordo com dados mais recentes do Isaps, foram realizadas 185 mil cirurgias plásticas em homens no Brasil. A ginecomastia e lipoaspiração foram os procedimentos mais feitos pelo sexo masculino. No mesmo periodo, contando cirurgias em homens e mulheres, o Brasil realizou quase 1,5 milhão de procedimentos e é o líder do ranking mundial, à frente inclusive dos Estados Unidos.

Hoje, a maioria dos homens que procuram esses procedimentos são “executivos que querem se vestir bem e melhorar a autoestima”, afirma Uebel.
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— Além disso, a nossa economia melhorou bastante e as classe C e D também têm tido mais acesso às cirurgias. As técnicas, a qualidade e a segurança dos procedimentos também melhoraram muito.

Se hoje a motivação é autoestima, no passado, o público buscava melhorar o aspecto físico por motivos profissionais, segundo o cirurgião plástico Luiz Victor Carneiro Jr.

— O homem não queria a cirurgia, mas precisava de uma aparência jovial para competir no mercado de trabalho.

Hoje, o paciente vem ao consultório com o desejo de melhorar a estética e, consequentemente, a autoestima. Com o aumento da procura dos homens por procedimentos estéticos, algumas cirurgias foram remodeladas para atender a esse nicho crescente de pacientes. Antes se usava a mesma técnica em mulheres e homens, agora existe uma abordagem voltada para melhorar o paciente e manter a naturalidade e masculinidade.

Uma das possíveis explicações para a inserção dos homens no mundo das cirurgias plásticas é a “mudança na cultura”, diz o diretor-geral da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), Luis Henrique Ishida.

— Culturalmente, ser vaidoso é mais aceitável e comum no sexo feminino. Porém, hoje em dia, essa cultura tem mudado muito com a abertura social que existe.

Vergonha e preconceito?

Apesar dos homens realizarem cada vez mais cirurgias plásticas no Brasil, há muitos que passaram por essa experiência que preferem não expor, explica o professor da PUC-RS.

— Os homens querem cirurgias minimamente invasivas, não querem ficar com cicatriz. Além disso, eles querem sair da clínica no mesmo dia em que realizaram o procedimento. E, muitos deles, não querem ser vistos. Já tive casos de homens que tiveram que esperar em outra sala para não ficar junto de mulheres por causa de vergonha.

Apesar de ainda haver vergonha e preconceito, Carneiro Jr. ressalta que “muitos homens veem a cirurgia plástica como algo natural e necessário, sem grandes dramas”.

— Tudo vai depender da personalidade e autoestima de cada pessoa. Com a popularização das cirurgias plásticas entre os homens, a tendência é que esse tipo de preconceito e insegurança diminua cada vez mais.


O que é a ginecomastia?

A ginecomastia é o crescimento de mamas em homens que se deve ao excesso de tecido mamário e, geralmente, é causado pela alteração hormonal, segundo Carneiro Jr. Apesar de mais comum na puberdade, mas também pode ocorrer na idade adulta.

— O problema também pode ser relacionado à obesidade, ao uso de alguns remédios e ao uso frequente de fórmulas de musculação [com hormônios].
No caso dos adolescentes, o diretor-geral da SBCP afirma que nem sempre o aumento das mamas é sinal de que é necessário fazer cirurgia “já que muitas vezes elas reduzem naturalmente com o passar do tempo”.

Quase 35 mil cirurgias para tratar a ginecomastia foram realizadas no Brasil.




Fonte: R7