Reconstrução da orelha é feita através de cirurgia plástica



Procedimento utiliza cartilagem da costela para reconstruir o órgão.
 
Estimativas apontam que um em cada seis mil bebês nascidos vivos apresenta alguma deformidade na orelha, denominada microtia. Os meninos correm ainda mais risco, eles têm duas vezes mais chances de ter algum problema no pavilhão auricular do que as meninas. “Estas imperfeições podem ser unilaterais – quando atingem apenas uma orelha – ou bilaterais, quando as duas orelhas são atingidas”, explica o cirurgião plástico Alderson Luiz Pacheco, da Clínica Michelangelo de Curitiba-PR.

 
As anomalias congênitas da orelha não têm causas conhecidas, mas são associadas a alterações nos genes ou a síndromes que envolvem deformidades em outras partes do corpo. “A solução mais indicada é a correção através de cirurgia plástica. O procedimento faz a reconstrução do órgão e pode ser feito quando a criança atinge os sete anos de idade, época na qual o desenvolvimento das orelhas já está praticamente completo”, ressalta o cirurgião que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
 

A técnica consiste em usar a cartilagem retirada da costela para reconstruir a orelha e é composta por duas etapas. Na primeira é feita a construção de um novo esqueleto cartilaginoso e na segunda é realizado o revestimento cutâneo para a nova orelha. “Estas estruturas são fundamentais para reconstituir o órgão e a cartilagem da costela é considerada o melhor material a ser utilizado neste tipo de cirurgia. É retirado um bloco de cartilagem do tórax no qual são esculpidos os elementos anatômicos e estéticos da orelha”, esclarece.
 

Já no revestimento cutâneo é feito um deslocamento da pele da região da orelha, criando uma espécie de túnel onde será colocado o esqueleto auricular. “Normalmente o paciente possui uma superfície de pele que possibilita fazer o revestimento da nova orelha. Este procedimento também é utilizado em indivíduos que sofreram traumas na região e tiveram perda parcial ou integral da orelha”, aponta o médico.

 
Seis meses após este procedimento é realizada uma nova cirurgia, para levantar a estrutura criada e complementar a reconstrução com enxerto de pele. É preciso aguardar este período para que o esqueleto cartilaginoso seja nutrido pela pele que o reveste, garantindo a sua sobrevivência. “Quando a reconstrução deve ser feita nas duas orelhas, o procedimento é mais complexo, já que envolve alterações anatômicas e o equilíbrio e harmonia dos dois lados da face”, acrescenta.